Novo Ensino Médio mata Literatura

A Literatura sumiu das grades curriculares do Ensino Médio. Quem procurar, vai encontrá-la nas aulas de Língua Portuguesa na qual está agora integrada. Embora continue sendo um conteúdo, perdeu o posto de disciplina com ementa própria, recebendo apenas uma espanada leve.


Organização curricular do ensino médio nas escolas da Rede Estadual na modalidade do EM excluiu da grade a disciplina de literatura, que será integrada ao ensino de língua portuguesa no ano letivo de 2017. Uma das justificativas para a mudança é a necessidade de as escolas de todo o Brasil irem se adequando à reforma do Ensino Médio. A proposta de reestruturação nacional ainda não foi homologada pelo Ministério da Educação (MEC), mas mesmo assim é a referência.

Sobre essa antecipação, o técnico da SED, Joselei Ortiz, argumenta que “o documento [da reforma] provavelmente será fechado este ano” e que a integração “busca garantir os conhecimentos básicos que os estudantes devem desenvolver, conforme as novas diretrizes”. Ele explica que a Literatura era oferecida como “disciplina a mais” nas escolas da rede estadual local e que sua oferta já não era obrigatória como disciplina única, a Base Nacional Comum Curricular exige apenas que ela seja ensinada.

O que algumas instituições estão fazendo também é a inclusão da disciplina de Redação, claro visando aumentar o resultado de seus alunos no Enem, o que não é ruim a curto prazo, mas a longo prazo pode significar o fim completo da chance dos alunos de terem um contato maior e mais próximo com nossa memória literária. Teremos grandes redatores (nenhum problemas se o que queremos é uma população de redatores e jornalistas), mas desprovidos de boa parte de nosso patrimônio intelectual.

A mudança não foi discutida com a população, e surpreendeu até alunos e professores. A doutora em Literatura, professora universitária e escritora, Lucilene Machado, a desaprova. “É um retrocesso. Estávamos, nos anos anteriores, lutando para que a carga horária atribuída às literaturas fosse acrescida, já que está provado que ela contribui para o melhor entendimento de todas as outras disciplinas. Dizer que a literatura será ministrada dentro da língua portuguesa é para enganar quem não tem noção sobre o assunto”.

Para Lucilene Machado, ela não pode se dissociar das aulas de Língua Portuguesa porque sempre será necessária a introdução de textos literários para a aprendizagem estrutural da língua. Ainda assim, acredita que o ideal é que como uma disciplina à parte, para humanizar os estudantes e ensinar a pensar.

“Eu, como professora de Literatura, faria o contrário, colocaria as aulas de língua portuguesa dentro das aulas de Literatura. O que é mais interessante: aprender usar a gramática ou aprender a pensar? É certo que as duas são importantes, mas pensar é primordial”.

O que você acha dessa mudança? Sua escola ainda tem a disciplina de Literatura? O que você está lendo?

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