Literatura infantojuvenil precisa de ajuda?

Há excelentes livros para crianças, entre clássicos e contemporâneos, porém há mais preocupação ao tema e à maneira como ele é abordado, do que propriamente ao valor estético do texto.



Ainda que a literatura infantojuvenil não tenha muito espaço na mídia nem o status da literatura para adultos, ela merece o olhar atento dos pedagogos e dos pais; porém, tenho a impressão de que esse olhar diz mais respeito ao tema e à maneira como ele é abordado do que propriamente ao valor estético do texto.

 Existem excelentes livros para crianças, entre clássicos e contemporâneos, mas esses muitas vezes são preteridos em favor de outros que, embora esteticamente inferiores, trazem uma “mensagem” mais óbvia sobre determinado assunto que se quer discutir na escola e em casa. A propósito da “mensagem”, lembro que Eugène Ionesco, que deixou contos extremamente ousados para os pequenos leitores, ao ser perguntado sobre qual era a mensagem de uma de suas peças, respondeu que ele era escritor, não carteiro, e por isso não precisava entregar mensagens.

Olhando uma lista de livros adotados por algumas escolas, chamou-me a atenção um deles que será oferecido aos alunos do nono ano, ou seja, a pré-adolescentes com idade entre 13 e 14 anos: “A hora da verdade”, de Pedro Bandeira, renomado autor de obras para essa faixa etária, publicado pela editora Ática, especialista em livros didáticos.

Ao final do livro, tem-se ainda a “abominável” ficha de leitura para o professor se certificar de que o estudante o leu e entendeu o seu recado: “Ele nutre por Iara um amor genuíno ou um desejo de posse?”, é uma das perguntas. Absolutamente nada sobre a linguagem e suas sutilezas.

Se os adultos não sabem ler, é porque, quando crianças, não ofereceram a eles textos que os tornassem leitores de Literatura (com letra maiúscula), não lhes deram oportunidade. Um leitor não se constrói apenas com textos tematicamente claros e bem-intencionados.

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