Um grito de "Vox Populi"


Nas últimas semanas, temos visto manifestações nos quatro cantos do país, homens e mulheres, jovens e velhos se encontram e planejam as manifestações através da internet por redes sociais ou fóruns virtuais criptografados pois alguns serviços de internet nesse país são monitorado tanto quanto nossas ligações celulares (embora você não ache que seja). O uso cada vez mais frequente e intenso da internet como uma ferramenta política e atuante como uma grande consciência coletiva (isso me lembra Aristóteles) é um breve sinal da iniciativa de jovens brasileiros de cobrarem e participarem cada vez mais do meio político.



A necessidade de uma educação política para as "classes baixas" e intermediarias desse país é tão primordial nos dias de hoje quanto foi a catequização para a Igreja no passado. Em toda a Filosofia Política sempre se ressaltou em maior ou menor grau a importância do saber político e do uso desse conhecimento, um dos mais notáveis e injustiçados pensadores a esse respeito é Nicolau Maquiavel, que através de sua obra O Príncipe expôs as ardilosas e esquematizadas regras do jogo político de sua época (e que vigoram até hoje). O Príncipe, é uma esplêndida meditação sobre a conduta do governante e sobre o funcionamento do Estado, produzida num momento da história ocidental em que o direito ao poder já não depende apenas da hereditariedade e dos laços sanguíneos e que os homens são responsáveis por seu futuro, que a prosperidade e harmonia não dependem de uma graça divina ou unicamente dela.


No referido livro de Maquiavel, é tão clara as orientações e os conselhos do filósofo que um governante não deve enfurecer seu povo, pois embora uma massa de ignorantes possa ser manipulada e ludibriada por métodos e políticas como Pão e Circo, ainda assim é forte e perigosa demais para ser desmedidamente ignorada.

Vox populi é uma frase ou expressão em latim que significa literalmente voz do povo, é um termo comumente empregado em transmissões jornalísticas para entrevista de pessoas do "público". É também uma expressão popular muito conhecida em todo o mundo ocidental, sendo empregada em diversas situações e usada também em provérbio. Mas a voz do povo propriamente dita deve ser a ação política, o uso do espaço público de debate. Se na antiguidade grega existiam os fóruns e a ágora (praça pública) se não como berço da democracia (conceito atual), foram seu maternal. Hoje temos a WEB como espaço público para se fazer ouvir e revindicar o que é legítimo para o povo. Pois a boa política, assim como a filosofia, nasce do debate e da discussão.


Ao terminar de ler essa publicação, veja esse vídeo e entenda os fatos.

Contudo o uso ideal dessa ferramenta para fins políticos ainda não é bem claro para grande parte do povo brasileiro, correndo o risco de parecer leviano, o novo idiota (referência ao conceito de idíon de Hannah Arendt) faz uso do vox poluli sem expressar o grito. Milhares de internautas curtem e compartilham imagens  de indignação ou mensagens contra a corrupção nacional mas fazem isso tão mecanicamente se consciência e vazios que acabam fazendo a ação por acharem a mensagem poética ou que sua ação o tornaria um diferencial crítico entre uma massa de zumbis burros e ignorantes.


O  verdadeira grito é mais que um simples curtir ou compartilhar,  é fazer valer uso de espaços públicos como uma sala de estar entre amigos, uma cozinha com parentes e familiares durante uma refeição, a bancada da câmara de vereadores da cidade (que sendo apenas na sexta-feira não há muita desculpas para não se fazer bom uso dela), uma sala de aula ou um pátio escolar, as galerias e corredores da universidade, blogs e fóruns online de discussão e estações de rádio físicas ou virtuais. Esse é o grito, esse é agir político comunicativo (não estou falando de Habermas). O cidadão deve ocupar todas as esferas políticas, começando pela sala de estar discutindo (discutir não é gritar nem dizer palavões como parte da cultura nacional acredita) com pais e irmão a política da rua, de moradores do bairro, das ações municipais e assim seguir para as maiores esferas.

Politize-se ou submeta-se!

Parafraseando Platão "Não há nada de errado em não querer falar sobre política, você só será governado por aqueles que demostram algum interesse por ela.". As pessoas que se afastam da política e dos assuntos que dela vigam (como saúde, educação, segurança, etc) tardiamente notaram que não podem pedir para governo resolver os seus problemas (hospitais sucateados, escolas abandonadas, drogas, roubos, violência e etc) quando o principal problema delas é o governo. Daí reforço mais uma vez a grande importância de uma reeducação política, pois no Brasil se aculturou a ideia infeliz de que "religião, política e gosto NÃO SE DISCUTE", o que me parece um favorável costume nacional para a elite sem moralidade que domina. Os políticos corruptos são primeira estância um reflexo de eleitores corruptos, é muito comum vermos posturas como a da tirinha abaixo por todo o país.



Cultura Política



Claro que você não vai se tornar um crítico político da noite para dia apenas por ler esse texto, tão pouco começará a agir como ativista político. Mas você pode começa se reeducando politicamente, melhorando também sua crítica cultural, pare fechar essa postagem deixou uma pequena lista com sugestões de filmes, músicas, desenhos críticos para começar a lapidar um senso político.




Músicas:

Bandidos de Ternos - Semi-Novos
O Meus País - Zé Ramalho
Que País É Esse? e Geração Coca-Cola - Legião Urbana
Brasis - Quatro Cabeças
Comida - Titãs
Algumas bandas estrangeiras como System Of A Down costumam fazer fortes críticas às políticas sociais dos EUA, mesmo assim vale a pena ouvir ou ler as letras de Toxicity, Boom, Sugar entre outros (assistir clipes legendado ajuda a entender o contexto). Outra boa sugestão é a música (e o clipe) Mosh do Eminem.

Filmes:

V de Vingança

A Fuga das Galinhas
A Revoltados Bichos

Livros e Revistas


Mafalda

1984
Ministério do Silêncio
O Príncipe


Confira a análise do filme e dos quadrinhos do V de Vingança clicando aqui!

*Próxima semana: A apolitização, um risco ao espaço público.

Junte-se aos indignados, junte-se aos que pensam e veem além da cortina de mentiras. Você não será só mais um, você será um a mais. - A. F. Ronnison.

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