Literatura 2.0 - De quem é a ideia?

Já imaginou um livro que não acabe? Todo leitor já desejou uma historia que não chegasse ao fim. Bem, isso está preste a não apensa se tornar realidade, mas também a se tornar muito comum.


O verbo “compartilhar” ganhou outra dimensão com a internet. De slogan de banco à botão do Faceboook, a palavra tem sido tão utilizada que seu significado nem é mais levado em conta. Tornou-se a pior coisa que pode acontecer com uma palavra: o famoso clichê. 

Normalmente, compartilhamos algo que já está pronto. Uma música, por exemplo. O artista produz, alguém coloca na rede e todos nós podemos ouvir a mesma canção, em diversas partes do mundo. Mas e se o processo criativo também fosse compartilhado? Foi nisso que o artista Willy Chyr pensou ao criar o site Collabowriters.com 

Como o próprio nome sugere, a ideia da iniciativa é criar um romance absolutamente colaborativo. Ao se inscrever no site, você se transforma em uma romancista em potencial. Com um limite de 140 caracteres, o usuário posta uma frase para continuar a trama. Com um simples sistema de votação, a sentença eleita automaticamente entra no romance. Uma frase de cada vez. 

O conceito do projeto mexe com muitos paradigmas, mas o principal deles é a subversão da ideia de propriedade intelectual. “Se uma história aparecer, quem será o dono dela? Todo mundo ou ninguém?” pergunta Willy, o jovem de 24 anos responsável pelo site. Em entrevista concedida por e-mail, ele conta que seu único trabalho foi escrever a primeira frase da história: “Era uma noite escura e chuvosa”. E até ela só entrou porque foi votada pelo público. 

E aí? Topa escrever um livro em parceria com o resto da internet?



Como surgiu a idéia para o Collabowriters? Você já tinha ouvido falar de algo parecido? 

Willy Chyr: Eu também sou escultor e muito do meu trabalho é focado em um processo repetitivo que gera formatos complexos. A ideia do site é bem parecida. O processo de postar frases e votar é repetido múltiplas vezes. Não há uma direção definida, mas ainda assim a história surge. 

Já ouvi falar de projetos semelhantes. O Sydney Morning Herald fez um romance colaborativo chamado "O Colar", no qual os leitores escreviam um capítulo inteiro. Isso era tecnicamente crowd-sourcing, mas eu senti que o conceito não estava sendo aproveitado ao máximo: os editores ainda estavam fazendo as decisões finais e a curadoria do livro. Eu queria levar a ideia um passo adiante, de modo que a história fosse escrita e editada por todos juntos, sem uma única pessoa guiando o curso de seu desenvolvimento.

Como o site funciona? 

Willy Chyr: O romance é escrito com uma frase de cada vez. Qualquer um pode postar sua sugestão, que deve ter até 140 caracteres. Os usuários votam em cada frase, podendo escolher entre duas notas: +1 ou -1. Assim que a sentença obtiver 5 pontos, entra no romance e avançamos para a próxima frase. Atualmente, temos mais de 200 colaboradores. 

Você tem idéia de quando a história deve terminar? 

Willy Chyr: Não tenho ideia. Imagino que, em algum momento, vai fazer sentido que a história termine, alguém vai postar “Fim” e a frase será eleita. De qualquer forma, eu adoraria que a história continuasse indefinidamente.

Qual tem sido o enredo da história, por enquanto? 

Willy Chyr: Aparentemente, é uma ficção científica pós apocalíptica sobre um viúvo chamado Zachary, que, a pedido do pai, saiu para comprar remédios para sua madrasta. 

O conceito de direito autoral é contestado com esse projeto. Isso foi de propósito? 

Willy Chyr: Sim. Parte de minha motivação foi questionar o senso comum que rege o pensamento sobre direito autoral e propriedade. Se uma história surgir, quem será seu dono? Todo mundo ou ninguém? O sistema de copyright atual é falho e impede o progresso. 

E então, o que você achou desta ideia? Deixe seu comentário.

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