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Rotas Mototurísticas do Ceará

 



Ceará: o destino perfeito para quem ama rodar com emoção, liberdade e paisagens de tirar o fôlego. Sobre duas rodas, o estado revela sua alma vibrante em estradas sinuosas que cortam serras imponentes como a de Baturité e a Ibiapaba, em trilhas que desafiam até os mais experientes, e em rotas cheias de história, cultura e calor humano.


Do sertão dourado às matas serranas, passando pelas dunas douradas e praias paradisíacas, o Ceará oferece rotas únicas para quem busca viver a verdadeira aventura sobre duas rodas. Cada quilômetro é uma descoberta: das imponentes montanhas de Ibiapaba às praias de águas cristalinas como Jericoacoara, Canoa Quebrada e Flecheiras, o estado revela cenários de beleza indescritível. No caminho, cidades históricas como Sobral, Aracati e Canindé são paradas perfeitas para mergulhar na rica cultura local, saborear a deliciosa gastronomia cearense e absorver a autenticidade desse destino único.


Aqui, cada rota foi pensada para proporcionar uma experiência de mototurismo completa, com percursos que atendem tanto os aventureiros em busca de emoção quanto os viajantes que preferem explorar no seu próprio ritmo. Seja em busca de adrenalina nas trilhas desafiadoras ou de tranquilidade ao rodar pelas estradas rodeadas por paisagens de tirar o fôlego, o Ceará oferece um convite irresistível para se conectar com a natureza e a história cearense.


Seja você um aventureiro em busca de adrenalina ou alguém que prefere viagens mais tranquilas, o Ceará oferece experiências inesquecíveis. Acelere, sinta o vento, conecte-se com a natureza e viva a liberdade de explorar um estado onde cada rota conta uma história — e cada paisagem surpreende.


Ceará sobre duas rodas: um convite ao prazer de viajar como só esse pedaço do Nordeste sabe proporcionar. A partir de hoje, estarei embarcando em uma nova jornada. Uma peregrinação sobre duas rodas na terra alencariana. Tudo filmado, registrado e em boa companhia. E aproveito para reforçar para que se aventura por essas linhas.


Explore o Ceará sobre duas rodas e mergulhe em uma jornada única através de rotas feitas para transformar cada quilômetro em uma memória inesquecível. Ao todo são 13 percursos cuidadosamente selecionados para essa empreitada. Traçados para revelar os cenários mais impressionantes do Ceará. Cada rota é um convite a desbravar as maravilhas naturais do estado, valendo sempre relembrar, cada um rota se viaja no seu próprio ritmo, sejam elas desafiadoras ou mais tranquilas.


Aventura, história, cultura e paisagens deslumbrantes estão a poucos giros de acelerador de distância. Prepare-se para conferir (ou sentir) o verdadeiro prazer de rodar pelo Ceará!


Suiany Tavares - versos e reflexos da autora

Maria Suiany Ripardo Tavares Pereira é natural da cidade de Sobral, interior do Ceará, famosa por ser uma cidadela cultural no norte do estado. Suiany Tavares também é professora de Filosofia, Arte e Sociologia da rede de educação básica de ensino. Além da sua atuação como educadora, integra o Coletivo Literário Sem Ponto Final da Escola de Artes de Sobral. Nesta publicação conheceremos um pouco mais sobre seus poemas e trajetória literária.



Publicações e Reconhecimento

Talentosa, Suiany Tavares transcende as fronteiras da sala de aula e da moderna Sobral. Suas poesias, publicadas em revistas online, sites literários e editoras de diversas regiões do país, ecoam nas mentes dos leitores, ganhando reconhecimento não apenas pela destreza poética, mas pela autenticidade. Dona de uma sensibilidade refinada com as palavras, a autora coleciona um passaporte bem carimbado de participações em diversas antologias e revistas literárias.


Dos navegantes, o medo;
Dos errantes, o destino;
Dos amantes, o porto
E a âncora que prende o navio.

Quem me navegará?
Quem, ao se ver refletido
Em águas silenciosas,
Correrá o risco de amar um mar bravio?

Sem permissão ninguém me navega!
Sou eu que trago as embarcações
Para senti-las entre as minhas correntezas.

No olho da tempestade eu danço,
Embalada pelos gritos dos desavisados
Que prometeram ser mais fortes
que eu, o seu principal mastro.

Suyany Tavares, Mar em tempestade. Sobre todas as coisas que eu não digo em voz alta, p 15. Editora Invicta. 2023.


Deixando sua assinatura em participações das seguintes obras: Toda ARTE de POETIZAR (editora Brecci Books); Amanhã não estarei aqui Para dizer que Te AMO (editora Brecci Books); Sobre todas as coisas que eu Não digo em voz alta (Editora Invicta); Poetize 2023 (Editora Vivara); Vivendo o Outono (Editora Contos Livres); Poéticas Contemporâneas - Uma cartografia da escrita de mulheres (Editora Brecci Books); Filigranas (Editora Andros); Acesso Restrito - Versos Delas Para Elas (Editora E&P); É Primavera - Poesia em quatro estações (Editorial Lura); As Batidas de um Coração Partido (Editora Invicta); Sarau Brasil 2023 (Editora Vivara); Tecendo Poemas - (revista online); A Poesia é meu Legado (revista online). 

"Vivo clandestina, e não é mole essa vida clandestina. Mas posso me orgulhar da qualidade da minha pele e da temperatura do meu beijo. Eu quero fazer com você UM PACTO DE DELICADEZA! Eu quero me sentir alteza, para te ceder todos os músculos, ser arbusto dos seus beijos. Vamos sair esburacando a madrugada, trocando beijos e tragadas". Suiany Tavares

Cada uma destas participações não fora menos que um degrau que alçaram a poetisa (embora a autora prefira o termo escritora de poemas) ao seu primeiro livro independente. Hora Crepuscular que saiu pela Editora Caravana.



Título da Obra: Hora Crepuscular
Autora: Suiany Tavares
Gênero da Obra: Poesia
Formato: 14x23cm
ISBN: 978-65-5061-626-7
Número de páginas: 51
Editora: Caravana
Arte da Capa: Leonardo Costa Neto
Capa e editoração eletrônica:  Eduardo César Machado

A respeito de Hora Crepuscular, Janilda de Lima Coelhos registrou suas impressões que pode ser lida a seguir:

"Há tantas palavras para serem ditas e que são possíveis apenas no crepúsculo das emoções, nos estímulos dos sentimentos vividos ou imaginados dos encontros e das despedidas. Como artista que usa paleta quente para refletir a intensidade. O livro Hora Crepuscular é uma obra sensível, com traços de delicadeza que faz transcender o significado do sentido. Feito objetos pequenos que se encaixam no tempo, nas cores, no universo do sentir, a seleção dos poemas são mais que um convite para apreciar o pôr do sol. As palavras sensíveis da autora são desenhos de sentimentos, desejos, memórias, que poeticamente descrevem a hora crepuscular como um encontro, mística, ritual; ponte de observação do transformar-se. Entre o bem e o mal, dia e noite, do prazer e da dor, do viver e do morrer, o mágico, encantador e misterioso crepúsculo do ser. Entre os raios do sol e o brilho da lua as lembranças do passado, a arte do presente e o silencio do futuro, os registros em metáforas da “Hora Crepuscular” refletem a intensidade da apreciação da filosofia dos movimentos e as possíveis e impossíveis impressões da realidade. O convite é sentir!"

Pude ao longo desta semana que se encerra,  me esbaldar na leitura de alguns dos poemas da escritora para impressão pessoal. A satisfação vinha com o sorriso ao final de cada "amostra". Suiany Tavares se mostra, mais do que uma escritora de poemas, uma hábil contadora de histórias que transforma o comum em extraordinário gestos singelos em desejos. Talvez tenha sido a hora demasiada avança na última leitura de ontem, ou a garrafa de Gato Negro que não resistiu ao 'perambulo' literário do poemas de Tavares, mas em diversas vezes fiquei com a impressão de que ao ler alguns de seus versos era como ouvir uma deliciosa balada como "Mais Feliz" de Adriana Calcanhotto ou um novo sucesso de Maria Gadú em sua melhor fase. Fica a sugestão para aqueles que buscam uma poesia mais reflexiva e transcendental a versos floreados e frios.

Resenha: Contos e Poemas Assombrosos Vol. VII

Lançado em meados de março (deste ano) sem nenhum estardalhaço sobe o patrocínio da Revista Conexão Literatura. Essa antologia que mistura poemas e contos de terror propõem o desafio: Não leia sem uma vela! Será?


Ao todo são dez capítulos com uma "musculatura" de 40 páginas que revezam entre contos e poemas. Sendo estes dos mais diversos e variados cenários, tem de tudo para garantir uma boa dose de medo: cenários sinistros, criaturas sobrenaturais, umas tripinhas ali, uma poça de sangue aqui. Os autores não pouparam na criatividade e no exagero, em alguns trechos não seria difícil questionar a sanidade mental de um ou de outro.

Para deixar aquele gostinho de curiosidade, temos aqui uma lista dos capítulos (sem spoiler) para aguçar os nervos. Deixamos também uma nota dada por alguns leitores que tiveram acesso aos textos sem identificação de título e autor(a).

Cap1. Para que assombrar?... (Poema) Nota: 3/5
Cap2. O Demônio Sorridente (Conto) Nota: 3/5
Cap3. O Lobo e o Homem (Poema) Nota 4/5
Cap4. Dimensões tenebrosas (Poema) Nota 3/5
Cap5. Não Feche os Olhos! (Conto) Nota 4/5
Cap6. Estradas Secundárias (Conto) Nota 3/5
Cap7. Estranhos Tempos (Poema) Nota 3/5
Cap8. Perigo! (Poema) Nota 4/5
Cap9. Pesadelo (Poema) Nota 3/5
CapX. Se puder não leia! (Conto) Nota 4/5




A reação dos leitores no final ficou 3,5/5 o que já garante se tratar de uma boa opção de leitura leve para desopilar. Claro que não é possível comparar com grandes títulos do gênero como clássicos Frankenstein ou O Médico e o Monstro, nem dizer que daqui sairá o próximo André Vianco. Mas já deu o tom que uma nova geração de escritores e escritoras encontrou solo fértil para uma safra de boas e tenebrosas produções.

A versão em e-book está disponível gratuitamente para download clicando AQUI.

Os usuários do Skoob podem depois deixarem suas primeiras impressões nesse LINK.


Se você gosta do gênero terror ou já leu o título deste post, deixe um comentário, crítica, elogio ou sugestão.

2º Festival Gastronômico Marco Gourmet

Evento busca proporcionar uma cultura de imersão e lazer na praça Jose Tupinambá da Frota fazendo o uso de empreendimentos de alimentos e restaurantes da cidade. Um evento importantíssimo em tempos de retomada da economia e atividades públicas.



Esta resenha será guiada por um roteiro: visão geral, sabores, organização, atrações e considerações finais.

No geral, a segunda tentativa de implementar uma cultura gastronômica em Marco esbarra na falta de objetividade com a temática, há tato artístico, mas sem sensibilidade ao paladar. Investe-se muito mais em atração artística do que em espetáculos culinários, não se vê claro, como algo errado permitir que as pessoas tenham entretenimento enquanto degustam uma boa comida, o próprio François Vatel se tornou celebre por oferecer verdadeiros espetáculos teatrais durante seus banquetes. Contudo, o que vemos na proposta marquense é uma ação mais voltada para o engajamento empreendedor do ramo alimentar. Para um evento proposto na semana de aniversário do município, a cidade de Marco poderia ter aproveitado melhor a oportunidade de ser palco de um grande evento com uma "arena gastronômica" primorosamente decorada com referências moveleiras, amostras de artesanato, ambientes "instagramáveis", oficinas gastronômicas, espaço voltado para agricultura familiar, exposição cultural. Um evento importantíssimo em tempos de retomada da economia. Um encontro que poderia realizar intercâmbios gastronômicos e promover a rede de restaurantes, bares, pizzarias, etc. 



Quanto ao "cardápio" os populares puderam escolher dentro de um verdadeiro leque bem diversificado de alternativas: espetinhos, hambúrgueres, pizza, sushis, açaís, cajucultura entre outros, o que de fato deve ter agradado bastantes os visitantes do festival. Os empreendimentos de mais relevância e reconhecimento local estavam todos lá, prontos para caprichar nos sabores já conhecidos e atender o mais rápido possível seus consumidores.

A organização, devo pedir vênia, poderia ter feito um melhor uso da praça. Enfileirar as barracas na lateral menos espaçosa da praça proporcionou um afunilamento do fluxo de visitantes chegando a provocar "engarrafamento" de pessoas. Palco montando à beira da proposta de arquibancada ecológica também limitou a apreciação das apresentações. Esses problemas poderiam ser facilmente resolvidos com um melhor estudo do espaço e planejamento estratégico do layout do evento. Por exemplo, dispor as barracas em formato de flor pentagonal em pontos dispersos pela praça permitindo agrupar variações culinárias e possibilitando um melhor fluxo de trafego dos visitantes. Da mesma forma, posicionar o palco ao lado do Museu teria dado aos visitantes um acesso mais igualitário além de um ângulo de visualização melhor para todos. Por fim, as luzes postas sobre os pergolados conseguiram criar um charme mais agradável deixando a atmosfera na praça diferente do habitual. Porém, reforço que poder-se-ia ter feito uso de um apelo visual melhor que passasse aos visitantes a "assinatura" pela qual o Marco já é notoriamente reconhecido, moveis.

No tocante as atrações, é inegável que se buscou uma valorização de artistas locais. Entre os convidados para a noite estavam os artistas municipais Abraão, Kel dos Teclados, além de Ribamar e Banda e Vanderson do Acordeom, tendo como principal atração a presença do humorista Luana do Krato e toda sua equipe. A apresentação de conterrâneos foi primorosas, não tendo muito a dizer além disso. Cantaram e entretiveram muito bem os visitantes, o que reforça que apostar em talentos locais é por vezes um acerto pouco valorizado devido a cultura da população (e aqui não se limita apenas a população de Marco) de valorizar apenas atrações de fora, até que uma atração regional estoura e consegue ali o reconhecimento tardio de sua relevância.



A conclusão que se chega é que os equívocos desta edição não devem ser apontados como erros a grosso modo, e que o que se espera é que sirvam para orientar autoridades e empreendedores a planejarem juntos um próximo evento com uma visão e proposta mais clara para o lado gastronômico. Quem sabe convidar um chef de reconhecimento regional ou estadual para uma apresentação, proporcionar um "comida de boteco à la Marco" (trocadilho intencional mas sem pretensões rsrs).

Se você foi ao 2º Festival Gastronômico Marco Gourmet deixe aqui sua opinião, sugestão, crítica ou elogio. O mesmo vale ser feito para essa resenha.

Boa semana e até a próxima

Bon appetit!

The Ink Black Heart - Considerações

O mais recente capítulo da ovacionada série literária, Um Conto de Strike, traz mais uma vez a dubla Cormoran e Robin, presos em outro caso complexo e cheio de reviravoltas.

O sexto livro de Robert Galbraith, "The Ink Black Heart", foi lançado no mercado internacional no dia 30 de agosto. A edição em inglês possui 1.024 páginas e já está disponível na Amazon. O livro intitulado “The Ink Black Heart” (O Coração Negro de Tinta em tradução livre) é escrito por J.K. Rowling sob o pseudônimo de Robert Galbraith, e ainda não tem data de lançamento no Brasil, Editora Rocco, responsável pelos direitos das histórias de Strike em nosso país ainda não deu previsões.

Sinopse 


"Quando a frenética e desgrenhada Edie Ledwell aparece no escritório implorando para falar com ela, a detetive particular Robin Ellacott não sabe bem o que fazer com a situação. A co-criadora de um desenho animado popular, "The Ink Black Heart", Edie está sendo perseguida por uma misteriosa figura online que atende pelo pseudônimo de Anomie. Edie está desesperada para descobrir a verdadeira identidade de Anomia. Robin decide que a agência não pode ajudar com isso - e não pensa mais nisso até alguns dias depois, quando lê a notícia chocante de que Edie foi atacada e depois assassinada no Cemitério de Highgate. Robin e seu parceiro de negócios, Cormoran Strike, são atraídos para a missão de descobrir a verdadeira identidade de Anomia. Mas com uma complexa teia de pseudônimos online, interesses comerciais e conflitos familiares, Strike e Robin encontram-se envolvidos em mais um caso que leva seus poderes de dedução ao limite - e que os ameaça de maneiras novas e horripilantes. Um mistério emocionante e diabolicamente inteligente, "The Ink Black Heart" é uma verdadeira demonstração de proeza."

Paralelo a trama que mostra a vida e o desespero de Edie Ledwell, a co-criadora de um desenho animado assassinada após ser perseguida por internautas que a acusam de ser transfóbica, racista e capacitista. Está a própria autora, publicações no Twitter apontam um paralelo entre a personagem do livro e os ataques sofridos pela própria J.K. Rowling após ter publicado declarações transfóbicas em 2021.

Em entrevista ao podcast “Radio Show”, de Graham Norton, no entanto, a escritora negou que a obra fosse inspirada na própria vida. Ela disse que imaginou que os leitores pudessem ter essa impressão, mas que o livro foi escrito antes que “certas coisas” tivessem acontecido com ela.

“Falei para o meu marido: ‘Acho que todos vão enxergar isso como uma reposta ao que aconteceu comigo’. Mas genuinamente não é”, ela disse.

O quinto volume da série, Sangue Revolto, lançado em 2020, já havia recebido críticas de internautas e ativistas dos direitos LGBTQIA+. Mostra a história de um serial killer que se veste de mulher ao cometer seus crimes.

Na época, a organização de caridade Mermaids, que apoia crianças transgênero e suas famílias no Reino Unido, declarou à CNN que retratar pessoas travestidas como uma ameaça era “um estereótipo batido e até meio desgastado, responsável pela demonização de um pequeno grupo de pessoas que simplesmente esperam viver suas vidas com dignidade”.

Muito embora, reconhecendo que essa composição do personagem possa ter causado desconforto a comunidade LGBTQIA+, de fato, ao longo da história criminal não foram poucos os casos de criminosos que assim procediam, o que nos leva a pensar se o processo criativo, seja ele de qual ou para qual área for, deve se limitar tanto a ponto de não usar aspectos, as vezes factíveis, em sua concepção.
O pseudônimo Robert Galbraith.

Outra polemica levantada recentemente vem por conta do nome escolhido como pseudônimo para publicar a série.

Robert Galbraith Heath foi um psiquiatra americano que praticava experimentos para terapias de conversão que pretendiam “reverter” a homossexualidade dos pacientes. Inclusive o famigerado Tratamento eletro-condutor ou terapia de choque.

No site oficial da série de livros, J.K. Rowling explica o que a levou a escolher este nome: “Escolhi Robert porque é um dos meus nomes masculinos favoritos, porque Robert F Kennedy é meu herói. Galbraith surgiu por uma razão um pouco estranha. Quando eu era criança, eu realmente queria ser chamada de ‘Ella Galbraith’, e não tenho ideia do porquê.”

À CNN, o porta-voz da autora declarou que a alegação de que o pseudônimo teria sido escolhido por conta do psiquiatra americano é “categoricamente falsa”.

Bem, polêmicas a parte, estou louco de expectativas para ler essa nova aventura, fazendo jus aos que foi entregue nos volumes anteriores, não é leviano dizer que Robert Galbraith reformulou o gênero romance policial, conferindo aos personagens mais realidades.

E você, já leu alguns livro da série Comoran Strike? Tem algum favorito? Deixe seu comentário.

Casamento Celta

Dentre todas as formas de celebrar uma cerimônia de casamento, nenhuma tem ganhado mais atenção e espaço que a celebração de um Casamento Celta. Mas o que exatamente é e como funciona? Como são seus protocolos e etiquetas?


Com a resistência de algumas autoridades religiosas de se permitir a celebração matrimonial em locais e espaços fora dos templos e igrejas (grande parte disso por parte de igrejas cristãs), surgiu-se uma demanda por celebrações ecumênicas ou naturalistas, é o caso do Casamento Celta.

A cerimônia celta ou celebração dos enlaces (termo originário e mais tradicional) é uma celebração bastante singular e carregada de simbologia com muitos significados, o que confere a ela um ar tanto quanto místico, além de ser muito emocionante. No Brasil, a cerimônia foi elaborada por Beatriz Moura Leite que celebra esse tipo de cerimônia desde 1994, sendo até hoje uma das maiores referências. Ela se inspirou na cultura dos povos celtas da região da Irlanda, Escócia e Inglaterra.

Vale ressaltar que nenhum casamento celta é igual, devendo sempre serem feitas adequações relacionadas ao local, época do ano e principalmente, devem conseguir passar traços importantes da personalidade dos noivos. A cerimônia não tem relação com nenhuma religião em particular e antes do casamento a(o) Ritualista (como são chamados as(os) celebrantes) faz um estudo de cada casal e a preparação do texto da cerimônia que é 100% personalizado para cada casamento. Ao contrário dos casamentos tradicionais, na cerimônia celta os noivos ficam de frente para os convidados, não de costas. Outra grande diferença é que ela é divida em nove momentos, cada um com sua simbologia. São eles:

Agora vamos aos procedimentos




I - Introdução: Ritualista explica para os convidados o que representa cada elemento selecionado. Enfatizando que a cerimônia acolhe adeptos de todas as religiões. 

II - Ritos Iniciais: é o momento da entrada dos pais do casal e do noivo. O caminho feito até o altar simboliza as escolhas de vida que os noivos fizeram até hoje, há uma mandala no chão próximo ao altar (formato, quantidade e composição podem varias, mas comumente é feita com folhas e pétalas), chamada ponto de união, o que representa o ponto da vida em que os dois se encontraram e é onde o noivo deve aguardar.

III - Acolhida: é quando entram as crianças. (2) Meninas jogam pétalas no chão, simbolizando pureza e graça. Já os meninos, um atira sementes (Ritualista deve explicar para todos a escolha da semente), símbolos da prosperidade, e um outro toca sinos, que representam alegria. Logo em seguida é o momento da entrada da noiva que irá encontrar o noivo na mandala.



IV - Purificação: Ritualista lava as mãos do casal com água e sal (em locais próximo a praia, é adequado fazer uso da própria água da praia, se possível). A água simboliza a transparente conexão com o Universo e o sal serve como catalisador de energias negativas. Em seguida, os noivos ficam ao lado da(o) Ritualista, sempre de frente para os convidados.

V - Oferendas: o casal escolhe previamente um ou dois amigos para serem “dagdas” da amizade, representando amizade, bondade e sabedoria para falarem ou ler no altar para os noivos. Os padrinhos oferecem objetos especiais para os noivos, como um pote de semente para trazer prosperidade, uma mandala branca simbolizando paz ou velas representando sabedoria (lembrando que os objetos podem serem outros). Depois, acontece a “oferenda do amor”, em que a noiva lê uma breve mensagem que escreveu para o noivo, e vice-versa.

VI - Palavra: Ritualista fala da importância das alianças para o casal e convidados. A entrega normalmente é feita pelas crianças (pureza) da família ou pelos avós (sabedoria), as alianças são entregues aos pais dos noivos. Enquanto acontece a entrada das alianças pedisse que convidados façam preces e bons votos nesse momento.



VII - Alianças: enquanto os pais seguram as alianças, os noivos fazem uma leitura de agradecimento aos pais e, depois, a família da noiva entrega a aliança dela para o noivo, e vice-versa. O que significa o acolhimento de ambas as famílias.

VIII - Troca de Alianças: o casal é abençoado por 4 elementos que ficam dispostos no altar (previamente escolhidos e explicados), cada um com a sua simbologia: um prato de sal representa a terra, um cálice com um líquido representa a água, a fumaça de um incenso representa o ar e uma vela simboliza a chama do amor. E após as alianças serem lavadas com água consagrada (de preferência água doce, podem também serem banhadas em vinho branco) especialmente para o rito, os noivos trocam as alianças.

IX - Bênção Final: Ritualista declara que os noivos foram unidos pelo poder do amor e feito de livre escolha, e, então, o noivo pode beijar a noiva. Os noivos agora unidos, deixam o local debaixo de aplausos e música.

Observações Especiais

- Conhecendo todos os significados da cerimônia celta, deve-se começar a pensar na caracterização da festa, para que todos entrem no clima da escolha feita pelos noivos. Inclusive, é prudente haver a informação no convite que será uma cerimônia celta.

- A cerimônia de casamento celta só é realizada em lugares que tenham ligação direta com a Natureza! Não se deve realizar a cerimônia e salões e lugares fechados. Recomenda-se lugares próximos de lagos, rios ou praia; campos verdejantes, fazendas ou sítios.

- Sempre que possível, noivos, padrinhos e participantes da cerimônia devem usar roupas claras, tons brancos, verdes, azuis ou vermelhos para ocasiões diurnas, e tons mais escuro para celebrações noturnas.

- Todas as flores, se possível, devem ser naturais. Podendo serem escolhidas em comum acordo entre Ritualista e os noivos, buscando preferência as flores da estação, região ou de maior significado.

- Assim como em outras tradições, a Celta diz que o anel que irá selar o compromisso deve ser passado de mãe para filha. Era comum entre os homens que o pai desse ao filho um bracelete ou anelete de família. Essa observação deve ser vista como algo opcional aos noivos.

- Não é uma obrigação, mas a etiqueta pede que havendo música, se possível deve-se dar preferência a música céltica em concordância com a situação.



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Gostou desta postagem? Já conhecia essa cerimônia? Deixe seu comentário, crítica, elogio ou sugestão.

Até a próxima!

Resenha - Sangue Revolto, Robert Galbraith

As coisas nunca foram tão angustiantes e penosas para Cormoran Strike. Após o sucesso do seu ultimo caso, a fama não trouxe só prestigio, mas uma carga de trabalhos quase sufocantes para a Agência de Detetive Particular CS. Com ajuda da sua fiel Robin, Strike mergulha no mais intricado mistério de toda sua carreira, carregado de ocultismo, esoterismo e misticismo ele tentaram solucionar um desaparecimento ocorrido a mais de 40 anos!


Aviso: Esse poste contem alguns spoiler e detalhes que podem fazer com que você perca o interesse pelo "fim da surpresa". Você foi avisado, siga por sua conta e risco!

Foi um mês inteiro de leitura sisuda, dinâmica e imersiva. Ao longo de quase mil páginas (962 para ser exato) que devo dizer, nem vi passarem de tão boa a aventura. O quinto livro da série Cormoran Strike do Robert Galbraith (vulgo JK Rownling) mostra o quanto o intelecto por trás das linhas subiu o nível, não apenas os personagens, como os ambientes, seus sentimentos e a ambientes em que estão inseridos estão mais realistas, quase tangíveis! Nesse livro vamos acompanhar a investigação de um desaparecimento ocorrido em 1974, o sumiço da médica Margot Bamborough. A história é cheia de pistas, signos e muita loucura (muita lombra mesmo hahahahaa), mas mesmo assim instigante e faz com o que o leitor pense junto com o Strike, para descobrir o aconteceu com Margot. 

A aventura é revirada com capítulos longos e detalhes tão minuciosos que ao concluir o livro é difícil não se achar um tanto burro por "não perceber" as pistas. Com múltiplas camadas e subtramas, é o romance mais denso (e não estou falando de páginas) da série. Mostrando que os personagens tem que lidar com muita m&rd@ dentro e fora da vida profissional. A enxurradas de personagens e suspeitos afogam o leitor em teorias que chegam a dar dores de cabeça (sou suspeito de falar, mas é verdade).

Os desafios de solucionar um caso com quase meio século de diferença dos eventos principais e se valendo de anotações de dois detetives que passaram pelo caso, onde um botava baralho pra resolver o caso e o outro era inclinado a atender clamores testemunhais, Robin e Strike correm contra o prazo de 1 ano para solucionar o desaparecimento. O autor brindou (me refiro ao pseudônimo, não encrenquem) seus leitores com um trama mais visceral e carregada de sentimentos do que de costume. Aprendemos mais sobre Cormoran e Ellacot e quem sabe agora esse dois resolvam se arranjarem um com o outro.


Filmagens da série adaptada CS Strike

Fico feliz que ao contrario do que aconteceu em O Bicho da Seda, o autor não se resolveu mais com métodos fáceis de concluir sua trama, abandonado o deus ex machina e investindo em maior riqueza de detalhes para confundir o leitor e justificar a solução de seus mistérios. Apesar de ter gostado muito da leitura, não posso dizer que será meu favorito da série de agora em diante, ainda prefiro O Chamado do Cuco e Branco Letal como meus favoritos. Mas vale muito a pena se debruçar nessa aventura, principalmente se você não tiver provas da faculdade para se preparar.



Veredito!

Recomendo o Sangue Revolto para quem está de férias, procurando um bom livro para se perder por um mês inteiro. E já estou animado em saber que o sexto livro já está pronto e será lançado no dia 22 de Agosto (meu aniversário) hehe melhor que isso só ganhando o livro. Após os eventos pessoais ocorridos com o núcleo principal da agencia, o que esperar pro próximo livro podem se revelar eventos irreversíveis.

Vatel, o Chef dos Prazeres

Há exatamente 351 anos, o mundo perdia um dos mais lendário e proeminentes chefs de sua história. Conhecido por seu perfeccionismo colossal e uma reputação quase mítica de uma comida e banquetes que despertavam os cinco sentidos, François Vatel é digno de uma reapresentação.


Nascido em 1631 em Paris, no berço de uma família humilde, original de Zurique, o seu nome era Fritz-Karl Watel - o qual foi galicizado (ou seja, passado para o francês) só após a sua morte pela Marquesa de Sévigné. Aos 9 anos já sabia preparar confeites e pratos simples. Com 15 anos se tornou a aprendiz de confeiteiro com Jehan Heverard. Chegou à corte aos 22 anos, admitido como auxiliar do cozinheiro de Nicolas Fouquet, Superintendente do Tesouro da França e homem mais rico nessa época. Tornou-se um célebre cozinheiro e maitre, a quem foi atribuída a invenção do creme de chantilly (embora hoje haja discordâncias deste feito).

Na França de 1600, nada era mais atrativo que os grandes jantares e banquetes, se hoje a fofoca saltou das calçadas e praças para ganhar espaço em conversas fantasmas através do smartphone, era à mesa que a fofoca ganhava força e era compartilhada entre talheres e sabores. Os assuntos à mesa eram dos mais variados, casos de traição, espionagem, estratégias de guerra, confissões clericais, comercio, trafico, piadas "imundas", literatura libertina, politica, filosofia, e claro, a vida alheia. Esse ambiente era propício para uma reputação imergir ou ruim.

Vatel almejava provar a Luís XIV, o Rei-Sol, que era melhor que o mestre da cozinha real. Numa das primeiras tentativas, no dia 17 de Agosto de 1661, Vatel organizou uma festa de grande esplendor para inaugurar o fim dos trabalhos no castelo de Vaux-le-Vicomte e recebeu uma pequena multidão de 600 convidados da corte, a rainha mãe, Ana de Áustria e o soberano. Nos espetáculos utilizou as mais avançadas técnicas da época, com representações de peças de teatro, entre as quais Les Fâcheux (Os Importunos), o primeiro comédia-ballet de Molière, com música de Lully, e fogos de artifício. Para o banquete Vatel criou um creme de nata batida, doce e perfumada com baunilha. Apesar disso, o talento de Vatel passou "despercebido" aos olhos do rei, por outro lado Luís XIV ficou ainda mais invejoso do o príncipe Condé. Ainda assim, Vatel adquiriu renome entre membros da realeza, o que lhe rendeu fama como títulos e alcunhas como extraordinário "Mestre dos Prazeres e das Festividades", "Maitre das Maravilhas", "Mestre dos mestres de Cerimonias" entre outros.


Foi justamente para tentar cair nas graças do Rei-Sol que o príncipe Condé resolveu fazer um convite especial a Luís XIV: três de dias e três noites de delicias e prazeres no castelo de Chantilly. Quando Vatel ficou sabendo dos planos do patrão, Vatel se esmerou. O menu do banquete principal incluía, mas não somente isso, Filé de linguado com anchovas; Melão com presunto de Parma; Lagosta com molho de camarão; Pernil de carneiro; Pato ao molho de vinho madeira e, de sobremesa, Bombas de morango. Sem falar que cada refeição era acompanhada de uma apresentação circo-teatral com show pirotécnico.

Luís, o rei. Decidido a não facilitar resolver levar uma comitiva com mais de 1000 convidados, a nata da nata da realizes e dos nobres para acompanha-lo. Vatel, percebendo que não teria faisão o suficiente resolveu o problema com um "malabarismo de sabores", misturando a carne a outras aves (frango camponês). Teria se lamentado afirmando “minha honra está perdida”, no que foi consolado pelos comentário dos convidados e do seu patrão, o príncipe de Condé: “Vatel, nunca houve um jantar magnífico como o de hoje”.

Apesar das dificuldades e imprevistos, os dois primeiros dias foram uma verdadeira produção hollywoodiana. Para a manhã do ultimo dia, Vatel preparou um cenário que seria um tributo ao deus Poseidon (Neturno), providenciou esculturas de gelo e um cenário que lembrasse o fundo do mar.


Obsessivo e impaciente, François Vatel não dormia tranquilamente por estar cuidando dos preparativos, ao levantar cedo parece receber e conferir os ingredientes como era de seu costume, descobriu que não teria peixe o suficiente, chegara apenas uma carroça com pouco mais que duas cestas de peixes e frutos do mar. Vatel, em choque, agradeceu os pescadores e ordenou aos seu sub-chef que garantisse o pagamentos de todos os empregados e fornecedores na manhã seguinte. Soluçando, recolheu um pouco do que havia nos cestos e foi para a sua cozinha, preparou um delicioso prato de linguado e ostras embebidas em vinho tinto e subiu para o seu quarto com seu prato.

Transtornado, teria exclamado: “Não suportarei mais essa desgraça”. Trancado no quarto, após terminar sua refeição, apanhou um punhal e deferiu golpes contra o coração. Era 23 de abril de 1671, um sábado chuvoso e triste.

Os gemidos agonizantes de Vatel acordaram o castelo. Quarenta e cinco minutos depois, as carroças carregadas de peixe começaram a chegar na propriedade, os peixeiros bateram à porta do castelo com as encomendas. O banquete correu às mil maravilhas e, claro, o suicídio de Vatel foi o assunto principal. Souberam que houve um atraso nos portos e em respeito ao cozinheiro suicida, não serviram o Linguado “atrasado”. O rei francês se rendeu aos dons do cozinheiro e o reconheceu para toda Paris, mas já era tarde demais.

Curiosidades

Existe uma versão não oficial de que Vatel teria se matado ao saber que o seu patrão o havia perdido para o rei Luís XIV em um jogo de cartas, o que teria sido humilhante e vergonhoso para o cozinheiro.

Credita-se a Vatel as seguintes frases:

"Ninguém confia em um cozinheiro magro"
"Não confio em homens que não fazem sua própria comida"
"Não confie no elogio de quem não lambe os próprios dedos"

Dica de Filme

Vatel - Um Banquete para o Rei lançado em 2000 é um ótimo romance dramático com algumas pitadas de humor ao longo de 1h 43min de duração. Dirigido por Roland Joffé com roteiro de Jeanne Labrune e Tom Stoppard a dupla conseguiu deixar o filme no ponto certo para curiosos e desconhecidos de Vatel. Fora o elenco de peso que conta com Gérard Depardieu no papel de François Vatel e refoga o talento com Uma Thurman, Julian Sands, Tim Roth, Julian Glover entre outros. Consegui assistir o filme no original em francês, não foi fácil, mas recomendo pois deixou a experiência de comunicação ainda mais imersiva.

Minha experiência com a Ayahuasca

Após refletir muito sobre o assunto e buscando compartilhar uma experiência pessoal a respeito de um assunto ainda "novo" por boa parte da população. Resolvi fazer esse post para que possa servir de "referência", mas já reforço e ressalvo que como todo indivíduo é um ser ímpar em suas singularidades, cada pessoa vivencia sua própria experiência de forma subjetiva e como bem disse Górgias (485 - 380 a.C.): “O ser não existe; se existisse, não poderia ser conhecido; mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém”. Górgias acreditava que não existia uma verdade absoluta, chegando a conclusão sobre a ilusão gerada pelos sentidos. Dito isso, solta o sinto, vamos subir.


Seria possível descrever com os limites da linguagem uma experiência sensorial tão singular? Como  transmitir conhecimento de uma jornada tão pessoal com estranhos que talvez nem questionem suas próprias realidades? De que forma explicar algo que você só encontra ao olhar sem medo para dentro de si? Já deu pra sentir o tamanho do desafio nessas linhas iniciais né? Agora é sério, direto ao assunto.

Em meados de 2012 durante minha passagem pela especialização em Filosofia Da Religião em Sobral (CE), tive a oportunidade de junto com alguns colegas, participar de vivências religiosas das mais variadas vertentes, judaicas, cristãs, islâmicas, espíritas, budistas, africanas e étnicas (indígenas). Em junho daquele ano, um amigo havia nos falado da experiência dele com o Chá da Ayahuasca. Eu e os demais ficamos interessados, claro que com as devidas ressalvas e cuidados que a vida acadêmica proporciona, pesquisei e estudei antes de qualquer experiência. Claro, também ajuda o fato de que conheço meus limites e confio no meu discernimento que me impediriam de fazer parte de qualquer experiência que não considerasse plenamente segura.

Ficou combinado entre nós que iríamos a uma sessão especial para "não praticantes". Para quem nunca ouviu falar, a ayahuasca está presente há milênios na cultura de diversos povos indígenas nativos da região norte do Brasil e países fronteiriços com Amazonas e Acre. É uma bebida produzida a partir da combinação de um tipo de cipó com um tipo de arbusto que, ao ser tomada, produz um efeito psicoativo. Vale ressaltar que não se trata de nenhuma droga, o chá ayahuasca não tem DMT suficiente para ser declarado como tal, inclusive não consta na lista de drogas. Inclusive é importante deixar claro que a ayahuasca é fonte de vários estudos. Existem pesquisas sérias dando conta dos aspectos biomédicos da ayahuasca e seu grande potencial terapêutico antidepressivo e ansiolítico, assim como seu baixo risco à saúde física e mental. Veja aqui nesta palestra dada pelo Dr. Luis Fernando Tófoli, médico-psiquiatra e professor da Unicamp:


https://youtu.be/WqxFVmnGXgM

Antes de chegarmos ao centro na Ibiapaba onde eu e meus colegas iríamos ter nossa experiência com a ayahuasca, aprendemos em nossos estudos e em conversas com pessoas do Centro que ela é uma preciosa enteógena, termo para plantas capazes de alterar a consciência e induzir ao "estado xamânico ou de ancestral". O que apenas nos deixou ainda mais interessados, pois nos relatos que conseguimos, ao invés de dar aquela chacoalhada na sobriedade bem típica das substâncias psicodélicas, o que ocorre é uma ampliação da percepção e da capacidade de autoanálise, possibilitando acessar níveis psíquicos subconscientes. Particularmente, hoje posso dizer que é algo semelhante a uma meditação profunda, mas ainda mais além, é a possibilidade de acessar estados alternados de consciência. Posso dizer que é como se fosse ter duzentas sessões de terapia com o melhor terapeuta em apenas algumas horas.

Ainda para esclarecer mais sobre o chá. A ayahuasca sempre esteve inserida em um contexto de cerimônias e ritos sagrados. Tanto que hoje, no Brasil, seu uso é legalizado para fins religiosos e ainda temos o Dia da Cultura Ayahuasqueira comemorado no dia 24 de novembro, numa alusão ao dia em que foi estabelecida a Carta de Princípios das Entidades Religiosas Usuárias do Chá Hoasca, firmada no ano de 1991. Esse documento é um importante marco na história da institucionalização do uso da Ayahuasca no Brasil. Em terra tupiniquim existem 3 religiões surgidas no século XX que tornaram a prática mais conhecida por aqui: o Santo Daime, a União do Vegetal e a Barquinha. Todas são bastante sincréticas, combinando em diferentes doses elementos religiosos, passando pelo catolicismo popular, espiritismo indígena e a umbanda. Um aspecto geral que pode ser destacado é a ausência de proselitismo. Seus membros não saem por aí alardeando nem pregando suas crenças, comentando apenas quando são convidados a comentar sobre o assunto, tão pouco estão preocupados em "converter infiéis" para conseguir novos adeptos.

Contudo, os cultos envolvendo a ayahuasca não se limitam a 3 religiões. Hoje existem diferentes modalidades de consumo do chá que, embora também estejam dentro do território da espiritualidade, trazem novas interpretações e contextos. E foi para um desses grupos que nos dirigimos, a bordo de uma Kombi no melhor estilo Man at Work, fomos para um "centro" na Ibiapaba através de um soldado do Daime. Por uma questão de respeito à privacidade, nomes e endereços serão aqui preservados. Pelo mesmo motivo, não tirei fotos (se bem que a câmera do celular na época era uma b#$t@). Estarei usando fotos de outros encontros para ajudar a "ilustrar" o post e servir de referência.

Como já mencionei lá encima, cheguei ao "centro" através de um amigo da faculdade. Ele também havia chegado ao Centro através de uma outra pessoa. É princípio do grupo receber apenas quem seja conhecido de algum de seus membros. Até porque a experiência vivida ali envolve muita confiança nas pessoas ao seu redor. Uma preocupação com a segurança de cada um, com receber bem a todos e também em manter o foco no propósito espiritual dos encontros.


Logo quando chegamos fomos bem recebidos, pudemos conversar um pouco, onde aproveitaram o momento para nos "entrevistar" com foco no jejum. Antes de tomar o chá nos havia sido instruído que era preciso fazer um jejum especial: durante três dias nada de sexo, comida animal (nem ovo), bebida alcoólica, energéticos ou remédios. Posso falar por mim, segui à risca respeitando cada um dos itens.

Chegamos no final da tarde de sábado, passamos cerca de uma hora apenas conversando e aprendendo sobre o chá e o lugar. O local era realmente muito bonito, um sítio muito bem cuidado, amplo e bem localizado. No meio da propriedade ficava um tipo de construção que chamou muito minha atenção, era como uma mistura de salão e oca, bem arejado e espaçoso. Após esse momento ficamos aguardando mais algumas pessoas chegarem, não demorou muito e logo o lugar tinha por volta de umas cinquenta pessoas. Depois de algumas palavras de acolhidas, meu grupo e eu somos separados do restante apenas de forma visual, a partir de agora começam os detalhes desta inesquecível jornada.

Me foi dado um copinho descartável com um líquido marrom amornado, a pessoa que me deu havia perguntado se essa seria minha primeira vez, afirmei balançando a cabeça. Reparei que o líquido no meu copo parecia mais "aguado" que o dos membros veteranos. A mesma pessoa que me deu o copo teve o cuidado de não tentar explicar exatamente o que viria a acontecer comigo uma vez tomado o chá. Mas fez questão de me dar alguns 'bizus' para me sentir mais confortável durante a experiência. Um deles: caso eu me encontre com qualquer sentimento ou imagem desagradável durante a jornada, devo focar apenas na respiração. Respire, respire e continue respirando. Guardo essa dica repetindo mentalmente algumas vezes e agradeço, mais uma vez gesticulando com a cabeça. Tentei sentir o cheiro da bebida antes de bebê-la, foi como se minhas narinas tivessem levado um coice de mula. Pelo que reparei não fui o único com a sensação. Uma outra pessoa se aproximava com uma bacia cheia de frutas, uvas, pequenos morangos, tangerina em talhadas, amoras e fatias de melão. Peguei algumas amoras e uvas quando a bacia passou próxima, a pessoa pediu que eu aguardasse o sinal para começar o trabalho.

Lembro nitidamente que alguém tocou um sinal como o toque solitário de um sino. Depois do coice olfativo faço como os demais e bebo tampando o nariz e já em seguida já enfio as frutas na boca. Nossa, o gosto é muito amargo e rançoso. Feito isso pego o lençol que trouxe comigo e a esteirinha e me deito. Antes de me cobrir que nem um defunto, vejo que algumas pessoas estão fazendo o mesmo, alguns estão em preguiçosas, outros em cadeiras, mantas e lençóis vão aparecendo. Noto que fizemos um círculo de pessoas no chão sem perceber. Algumas pessoas vem dispondo pequenos baldes ao lado de cada um. Algumas instruções são passadas previamente uma última vez, como a localização dos banheiros, a explicação dos baldes, sobre um exercício de meditação que será proposto no decorrer do encontro. Também é feito um pedido para quem estiver tomando o chá pela primeira vez permanecer onde está mais a vista. São por volta das 20h, estou deitado e começa a serenar lá fora.


Faz alguns minutos, estou deitado, confortável, enrolado da cabeça aos pés (por vontade própria vale dizer), o sereno engrossou e a música indígena se mistura ao som das gotas d'águas. O sons da flauta NAF são relaxantes, sinto-me bem, de um jeito leve, como se estivesse acordando de uma boa noite de sono, mas não estou com sono, é apenas a sensação que posso usar. 

Num piscar de olhos, vejo que algo mudou e não mudou ao mesmo tempo. Estou no mesmo lugar, deitado, está chovendo e a música ainda está tocando, mas não vejo mais ninguém a minha volta. Isso deve ser o que eles chamam de miração, uma alteração da percepção sem perder a realidade. Meus sentidos parecem mais apurados, ouço tudo a minha volta com perfeição, parece que algumas pessoas estão vomitando, outras chorando. Tento me concentrar na minha sensação. 

Uma figura começa a surgir na minha frente, um homem se aproxima. Para meu espanto, sou eu mesmo. Mas estou diferente, pareço mais velho uns dez anos, pálido e deformado, como se estivesse apodrecendo. Nos encaramos, sei que estou de olhos fechados e o lençol continua sobre o meu rosto. O "Outro Eu" começa a falar comigo, é minha voz, posso ouvi-lo (ou ouvir-me?) muito bem. Mas não transcreverei esse diálogo por ser algo muito pessoal. Sinto algumas lagrimas brotarem, aos poucos elas ganham a liberdade em um filete que chega até o ouvido.

Meu "Outro Eu" se foi, tão inacreditável quanto quando chegou. Parece que estou vendo um telão laranja enorme, como cinema com slides. Um sentimento de paz me preenche, vejo o rosto de uma antiga colega do fundamental que nem lembrava mais em minhas memórias, ela sorri e desaparece. Não estou no controle dessas imagens, mas ao mesmo tempo sinto que quero ou preciso vê-las. É estranho, estranho e bom.

Um lampejo trazido pelo sereno que virou chuva invade o lugar, eu descubro rosto e posso ver que algumas pessoas do círculo se recolheram deixando suas esteiras vazias, vejo um dos meus colegas deitados a poucos metros de mim com um sorriso que dá duas voltas na cara, mas reparei que também tinha lagrimas nas bochechas. Um rapaz do outro lado do círculo não parece estar tendo uma boa experiência, sinto que devia ajudá-lo, mas já estão fazendo isso, quatro pessoas o estão acalmando e o lembrando de respirar, ele parece assustado. Nesse momento foco na minha respiração e volto a me cobrir, fecho os olhos. Alguém no Centro começa a leitura de um texto muito interessante, não lembro bem de todas as palavras, mas algo sobre vontade própria, autoconhecimento, não se culpar pelas escolhas e coisas do tipo. Estou relaxado.


Algum tempo se passou depois do texto e anunciam uma nova dose do chá para quem se sentir a vontade. Me disponho a levantar permanecendo sentado sobre a esteira. Uma mulher vem trazendo uma bandeja pelo círculo onde alguns pegam uma nova dose. Estendo o braço e junto com o chá apanho algumas uvas. O rosto da mulher me transmitia a imagem de bondade e gentileza. Agradeço e mais uma vez tomo meu chá e logo após como as uvas, dessa vez uma a uma. Não vejo luz lá fora, apenas algumas velas e lampiões à óleo dentro do salão/oca. Volto a me deitar ao terminar as uvas.

Ouço um dos meus colegas do outro lado chorando, não saberia dizer se por algo bom ou ruim, ele não é o único. Me concentro no por quê estou ali. Minha mente está tranquila, os pensamentos parecem nítidos, claros e quase tangíveis. Vejo a figura de um índio, ele aparece e some. Fiquei com vontade de rir pois pensei "Até o meu Outro Eu foi mais educado". Aos poucos ouço o som da chuva caindo me atrair, estou calmo, sinto que nada mais me preocupa. Uma sensação estranha de "resolvido" começa a me preencher, como se não precisasse mais me preocupar com algumas coisas que julgava serem importantes. Respiro e me concentro na respiração.

Sinto como se estivesse conectado com tudo e com todos ali. Consigo ouvir alguém lá fora limpando as entranhas no melhor estilo "RAUL!", sinto o vento frio acariciar minha pele como um abraço. Apesar de não saber explicar, pareço estar em comunhão com o sítio, suas árvores, animais, pessoas, sua energia. Isso é bom.

Algumas pessoas que haviam se recolhido estão retornando, alguns molhados com respingos da chuva, outros com o lençol usado como uma saia, tanto mulheres como homens. Alguns se deitam e outros se sentam, uma pessoa ao meu lado faz postura de meditação enquanto outra pessoa deita com os joelhos contra o peito.

Vislumbro um pouco do céu lá fora, nuvens escuras, lampejos e raios ao longe. Não tenho noção de que horas são, e para ser franco, eu nem ligo. Me vejo em um campo, com um senhor idoso de rosto simpático. Olhando ao redor eu me curvo em cumprimento, o senhor idoso sorri mostrando as palmas das mãos e deixamos o campo, como se em um elevador invisível. Voo em direção ao vazio, é estranho, não há medo. Ouço uma voz sussurrar na minha consciência em meio ao silêncio, uma voz familiar, quase materna. Vejo uma dança entre contraste e harmonia, uma coisa completando a outra. Meus desejos tomando formas e virando poeira a cada passo desse balé cósmico. Novamente vazio e agora silêncio.

Sinto o meu corpo como se acordasse de um sono pesado e revigorante. Fico com a sensação de que não sou o mesmo, quer dizer, continuo igual, mas um sentimento de que algo está mudado em mim. Percebo agora já bem desperto que está amanhecendo, o vento fresco deixado pela chuva que passou me abraça, a minha volta noto que algumas pessoas já estão levantando, outras apenas se mexem para ficarem sentadas, em comum alguns estão rindo e sorrindo. Me junto aos meus colegas sentando todos lado a lado. Uma pessoa convida aos que se sentirem a vontade para partilhar sua experiência para falar aos que estão ali, ou se preferir, se reunir com quatro pessoas que estão próximos a uma mesa longa para conversar de forma mais restrita. Uma jovem diz que encontrou com um santo, um outro senhor idoso relata que pode desabafar um remorso com seu avó. Algumas outras pessoas fazem relatos de sua experiência, todas parecem terem tido um noite impactante e transformadora. Nenhum do meu grupo diz nada, ficamos apenas nos olhando, mas vejo que no geral estamos todos bem, alguns parecem ter chorado mais do que outros. É oferecido um lanche leve e informado que essa Sessão está encerrada, são feitos agradecimentos e alguns avisos finais de recomendação sobre o que podemos sentir e como proceder. Algumas pessoas agora se cumprimentam, trocam abraços e apertos de mãos. Nos reunimos e seguimos para a Kombi. Noto que um dos colegas do meu grupo ainda parece estar com os olhos lacrimejando.

Já na estrada, contamos uns aos outros nossas experiências. Em comum todos relatamos que sentimos uma sensação de paz e despreocupação, desapego ou alívio sem escala. Sinto que o desafio deve ser manter esse estado metal e emocional de agora em diante. Recordo-me de que fiz alguns planos de o que fazer da minha vida, das minhas relações e o que não fazer mais. A sensação de que uma versão de mim "podre" ficou para trás me preenche. Estranhamente bem, me sinto em paz sentado na Kombi, e por algum motivo começo a meditar a música Balada do Louco como um mantra. Creio que o mais importante agora é manter esse estado de espírito. Sereno, tranquilo e de alguma forma que não sei explicar, mais livre.

FIM